quinta-feira, 27 de maio de 2010

ATPS – ROMANTISMO.


FACULDADE ANHANGUERA EDUCACIONAL
PROFº. GUILHERME

Ana Lúcia Pinheiro
Márcio Guimarães
Merlly Stahl

PASSO 1

A partir da leitura da História da Literatura Portuguesa, de Antonio José Saraiva, um dos livros de nossa bibliografia, comente o papel fundamental do romance Viagens na Minha Terra (1846), de Almeida Garrett (1799-1854), no cenário do romantismo português.

A prosa Viagens na Minha Terra mistura o estilo digressivo da viagem real e o novelesco, é considerada um marco na carreira literária de Almeida Garrett, na mesma linha de Viagem à Roda de Meu Quarto de Xavier de Maistre a narrativa é composta de duas partes. O autor ao mesmo tempo narrador mescla outras obras literárias de: Camões, Napoleão e até mesmo Shakespeare com isso sua narrativa fica rica em questão textual.
A obra analisa a situação política e social do país e pela simbologia que Frei Dinis e Carlos representa: no primeiro é visível o que ainda restava de positivo e negativo do Portugal velho, absolutista; o segundo representa, até certo ponto, o espírito renovador e liberal.
Na segunda parte a narrativa é composta por uma história amorosa e ao mesmo tempo trágica envolvendo as personagens Joaninha, Carlos, Georgina, Frei Dinis e Francisca. A história passa-se em 1830 a 1834, durante as lutas entre liberais e miguelistas. Os conflitos que envolvem essas personagens têm causa ainda num passado mais distante que trata da vida do personagem Frei Dinis, quando antes de se tornar religioso era um nobre e que em circunstâncias dramáticas resolvera esconder a paternidade de Carlos.

PASSO 2
Não são poucos os críticos a sublinhar a tensão entre características românticas e clássicas na obra Almeida Garrett. Nos capítulo 05 e 06 de Viagens na Minha Terra, encontre e comente elementos que justifiquem tal opinião da crítica.
a. Cap. V: Chegada à vila de Pinhal do Azambuja. Descrição do lugar. Cita Benjamim Antier, Vitor Hugo, El Cid. Segue o narrador para Cartaxo.
b. Cap. VI: Cita Homero e Camões e da necessidade de se misturar o maravilhoso mitológico ao Cristianismo. Fala o narrador da Divina Comédia. Chegada a Cartaxo.

O livro Viagens na Minha Terra, publicado em 1846, é o ponto de iniciação da moderna prosa literária portuguesa: pela mistura de estilos e de gêneros, pelo cruzamento de uma linguagem ora clássica ora popular, ora jornalística ora dramática, ressaltando a vivacidade de expressões e imagens, pelo tom oralizante do narrador, Garrett libertou o discurso da pesada tradição clássica, antecipando o melhor que a este nível havia de realizar.
Vários elementos indicam presença de mitos na obra: o descontentamento da personagem com o mundo que o cerca, sua luta contra o monsto da Guerra, a sequência mítica Nascimento/Morte/Ressureição, a presença do ser amado que torna-se intermedito e morre fisicamente (Joaninha) ou simbolicamente (Georgina). A rebeldia e a submissão do heroi poderiam também ser relacionado com conflitos de seu criador que, abraçou o liberalismo e o romantismo, deixando em sua obra, a marca das confeccções que formaram inicialmente.
A contradição interna das personagens de Viagens na Minha Terra levaria a percepção de que o texto de Gerrett teria as marcas de uma posição romântica que se recusaria a seguir modelos clássicos preestabelecidos.

PASSO 3
Uma das caracteríscas do período romântico é a retomada de temas medievais. A novela de cavalaria do século XII, Tristão e Isolda, aboradada na etapa Nº 2, é recuperada, direta ou indiretamente, ao longo da história da lietratura. O chamado amor romântico, caracteristico dos romances do século XIX, encontra suas origens no amor paixão do período medieval, aquele que se contapõe ao amor cortês. Considerando a leitura do romance Amor de Perdição (1862), de Camilo Castelo Branco (1825-1890), faça uma análise comparativa sobre a relação amorosa estabelecida entre as personagens Teresa Albuquerque e Simão Betelho e entre Tristão e Isolda.

A comparação das obras não é apenas óbvia, em razão da coincidência da temática, mas também legitima, se levarmos em conta as semelhanças existentes entre os dois textos. Assinalamos, em especial, a abordagem do impedimento da realização amorosa e o ponto de vista dos narradores que parecem ver a proibição decorrente de fatores sociais e familiares como uma atitude geradora da perdição, isto é, da desgraça e da infelicidade.

Fontes de pesquisa:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Viagens_na_Minha_Terra
http://www.jayrus.art.br/Apostilas/LiteraturaPortuguesa/Romantismo/Almeida_Garrett_Viagens_na_Minha_Terra_analise_resumo.htm
http://www.ich.pucminas.br/posletras/pdf/Garrett%20revisado.pdf
http://www.dialogarts.uerj.br/arquivos/O.Amor.Nadia.pdf
Eunice T. Piazza Gai.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Barroco

ATPS – LITERATURAS DE LÍNGUA PORTUGUESA I

PROFESSOR GUILHERME

BARROCO PORTUGUÊS

Ana Lúcia Pinheiro
Márcio Guimarães
Merlly Stahl





Passo 1 - Delineie, de forma sucinta, o tema central do Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as da Holanda, de Antonio Vieira (1608-1697). Por que podemos considerar tal obra como sendo representativa de uma literatura portuguesa que vai ganhando traços da colonial? Para ler o sermão, acesse:
Acessado em
06 de dezembro de 2009.

A obra trata-se de um texto religioso redigido pelo sacerdote, tendo como incentivo à pregação que realizou no Brasil, por volta 1640, na Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, na Bahia. No texto nota-se que houve uma forte influência social devido à época, os acontecimentos patriotas e religiosos foram um dos pontos para iniciação da obra.
O Sermão foi elaborado pelo Padre Antônio Vieira, na tentativa de impedir o jugo holandês e foi direcionado para o povo católico. Devido às grandes navegações aos portugueses que tinham pretensões de dominar o desconhecido, assim Vieira cita em seu sermão.
“Se esta havia de ser a paga e o fruto de nossos trabalhos, para que foi o trabalhar, para que foi o servir, para que foi o derramar tanto e tão ilustre sangue nestas conquistas? Para que abrimos os mares nunca dantes navegados? Para que descobrimos as regiões e os climas não conhecidos? Para que contrastámos os ventos e as tempestades com tanto arrojo (...)”.

O que mais propiciou a redigir o Sermão foi à falta de infra-estrutura e manutenção do império conquistado; com isso o Brasil se vê na necessidade de passar às propriedades aos holandeses, os “hereges”. Por causa desse posicionamento o sacerdote usa argumentos para dirigir-se a Deus, de forma que engrandeça a glória divina, a vitória aos portugueses. O que Vieira defende está explicito bem no próprio título do sermão; o sacerdote advoga que Deus retome a aliança com os portugueses para que estes possam derrotar os holandeses.
(...) Em castigar, vencei-nos a nós, que somos criaturas fracas; mas em perdoar, vencei-Vos a Vós mesmo, que sois todo-poderoso e infinito. Só esta vitória é digna de Vós, porque só vossa justiça pode pelejar com armas iguais contra vossa misericórdia; e sendo infinito o vencido, infinita fica a glória do vencedor. (...). (VIEIRA, 1959, p. 322-323).

Para narrar os argumentos, o pregador dirigi-se aos brasileiros e como se fosse uma peça teatral, “contracena” com Deus, faz uma analogia entre seu discurso e o Profeta Rei com argumentos, construindo assim o Sermão.

O texto deixa bem claro que Portugal estava perdendo o Brasil para os holandeses, Vieira através do Sermão incita o povo brasileiro para a luta armada. O discurso é fixado em um jogo parafrásico, ele usa sua interpretação da Bíblia Sagrada para compor esse discurso. Podemos afirmar que seu texto pode ser considerado um monólogo, ele eliminou quaisquer possibilidades de diálogo. Ao referir-se ao “tu”, ele transforma-se em um receptor.

Nesse período colonial teocentrista, Deus como Centro de tudo, os sacerdotes tinham um poder de persuadir as pessoas usando a fé em batalhas e o Sermão de Vieira relata bem isso, tanto que tinha o poder de organizar batalhas.

Texto de apoio.
Créditos: Cláudia Assad Álvares, Doutora em Filologia e Língua Portuguesa

Passo 2 - Considera-se a épica Prosopopéia (1601), de Bento Teixeira (1561-1618), a primeira manifestação literária brasileira produzida diretamente a partir da esteira da tradição portuguesa. Alfredo Bosi, em sua História Concisa da
Literatura Brasileira, chega a tomar a obra como “um primeiro e canhestro
exemplo de maneirismo nas letras da colônia”. Explicando que entende o
maneirismo deste caso na “sua acepção mais pobre”: “à maneira de um autor já consagrado”. Qual é o autor português que serve de modelo a Teixeira, à
maneira de qual obra constrói sua Prosopopéia? Quais as características formais da obra brasileira que denunciam evidente aproximação desta com a obra portuguesa referida? Ao mesmo tempo, há alguma novidade lexical,
cenográfica ou temática na obra quando comparada a seu modelo? Explique sucintamente qual é o tema de Prosopopéia. Para consultar o poema, acesse o site do NPILL da Universidade Federal de Santa Catarina:
Acessado em
06 de dezembro de 2009.

Na prosopopeia de Bento Teixeira, o autor se inspira fortemente em Camões e seu poema Os Lusíadas. E assim como em Os Lusíadas onde D. Afonso é enaltecido por Camões, na Prosopopeia de Bento Teixeira, o autor enaltece D.Jorge e D. Duarte de Albuquerque Coelho.
Ambos os poemas são compostos em oitava-rima, versos decassílabos heróicos, ambos relatam a presença das Musas e de deuses mitológicos. Quem narra é Proteu o “braço direito” de Odisseu (O Velho do Mar),
Já em Os Lusíadas, um dos narradores é Vasco da Gama e dentro de sua narração outro narrador O Velho do Restelo, os nomes dos narradores de ambas as prosopopeias são parecidos.
A Prosopopeia de Bento Teixeira é totalmente composta por rimas ricas, já em Os Lusíadas é composto por rimas ricas e pobres.
O autor ao compor esta prosopopeia, deseja inovar os sonetos como Eneida, Odisseia e Os Lusíadas. Sua pretensão não é menosprezá-las, mas inová-las.


Passo 3 - Leia os dois sonetos abaixo de Gregório de Matos (1636-1695). Se
quiser aprofundar seus conhecimentos sobre a obra do poeta:
Acessado em 06
de dezembro de 2009.

A N. SENHOR JESUS CHRISTO COM ACTOS DE ARREPENDIDO E SUSPIROS DE AMOR.

Ofendi-vos, meu Deus, bem é verdade,
É verdade, meu Deus, que hei delinqüido,
Delinqüido vos tenho, e ofendido,
Ofendido vos tem minha maldade.
Maldade, que encaminha à vaidade,
Vaidade, que todo me há vencido;
Vencido quero ver-me, e arrependido,
Arrependido a tanta enormidade.
Arrependido estou de coração,
De coração vos busco, dai-me os braços,
Abraços, que rendem vossa luz.
Luz que claro me mostra a salvação,
A salvação pretendo em tais abraços,
Misericórdia, Amor, Jesus, Jesus.

a) Qual a classificação temática de tal soneto de Gregório de
Matos?
O poema não gira em torno do tema amoroso, além disso, é uma oração e é destinado ao Senhor Jesus. Suas rimas são compostas por musicalidades, podendo ser um hino ou uma canção.

b) Por que a temática deste poema pode ser considerada tipicamente barroca?

Por saudar a religiosidade medieval, pelas súplicas às divindades, nesse caso diretamente a Jesus. Há uma busca da pureza da fé, o perdão do pecado, mas também a necessidade de viver a vida mundana.

c) Neste poema, Gregório de Matos faz uso de um artifício
poético denominado anadiplose. Em que consiste tal artifício?

Consiste na repetição da última palavra ou expressão de uma oração ou frase no início da seguinte, também diz respeito à construção de um texto e não ao seu sistema de ideias, que dificilmente se altera com o seu uso.
Ex: Maldade, que encaminha à vaidade,
Vaidade, que todo me há vencido;


AOS AFETOS, E LÁGRIMAS DERRAMADAS NA
AUSÊNCIA DA DAMA A QUEM QUERIA BEM.

Ardor em firme coração nascido!
Pranto por belos olhos derramado!
Incêndio em mares de água disfarçado!
Rio de neve em fogo convertido!
Tu, que em um peito abrasas escondido;
Tu, que em um rosto corres desatado;
Quando fogo, em cristais aprisionado;
Quando cristal, em chamas derretido.
Se é fogo, como passas brandamente?
Se és neve, como queimas com porfia?
Mas ai! Que andou Amor em ti prudente.
Pois para temperar a tirania,
Como quis, que aqui fosse a neve ardente,
Permitiu, parecesse a chama fria.

a) Qual a classificação temática de tal poema de Gregório de
Matos?

É um poema gongorista e metafórico e também há lítotes em ação.

b) A antítese e o paradoxo são bem determinantes para o desenvolvimento lógico e temático do poema. Demonstre quais são suas principais estruturas antitéticas e paradoxais, fundamentais para a compreensão de suas características barrocas.

Identifique pelo menos um oxímoro e um quiasmo no poema. Explique como
funcionam.
Oxímoro: figura em que se combinam palavras de sentido oposto, mas que, no contexto reforçam a expressão.
Ex: Rio de neve em fogo convertido.
Quiasmo: é a repetição simétrica, como ABBA.
Ex: Prudente
Fria
Ardente
Tirania

Referências Bibliográficas:
Créditos: Cláudia Assad Álvares, Doutora em Filologia e Língua Portuguesa

http://www।cce.ufsc.br/~nupill/literatura/prosopopeia.html