quinta-feira, 8 de abril de 2010

ATPS Classicismo

Classicismo: Os Lusíadas


Língua Portuguesa 1

Profº Guilherme Nicésio

Ana Lúcia Oliveira Pinheiro
RA: 0919439256

Márcio Batista de Sá Guimarães
RA: 0920424102

Merlly Sthal
RA: 0901392375

Letras 3º Semestre

Faculdade Anhanguera de Indaiatuba
Indaiatuba, 07 de Abril de 2010.

Passo 1 - Que tipo de verso e que forma de estrofação predominam nessa
epopéia?

Os Lusíadas é composto por 10 Cantos (partes) e 1102 estrofes (8816 versos) sendo que cada estrofe contém 8 versos e por isso são chamadas oitavas.
Suas rimas são:1a, 2b, 3a, 4b, 5a, 6b, 7c, 8c.
Os versos são decassílabos, portanto tem 10 sílabas.
Tipos de versos: Epopéia, Poema épico e Poemeto.

Passo 2 - Quem são os narradores de cada um dos mencionados instantes? Qual deles se posta prol navegações e qual se coloca contra? Por quê? Ilustre sua hipótese com exemplos emblemáticos do próprio poema.

Os narradores são: O Eu lírico (Camões) e o Velho do Restelo.

Camões inicia a proposição narrando o canto I quando a frota de Vasco da Gama está no oceano Índico; avançados na viagem e passado o cabo das tormentas. Esta narrativa se mostra a favor das navegações, como um ato heróico.
As armas e os Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana (...)
O canto IV (Velho Restelo) dá prosseguimento à narração da história de Portugal.
D. Manuel depois de um sonho profético encarrega Vasco da Gama de organizar uma expedição para a Índia.
Como os homens cobiçando a fama e a fortuna partem mar adentro deixando para trás família, filhos e esposas;Este momento se mostra contra.
O Velho não aparece como primeira pessoa, mas sim através da narração de Vasco da Gama.
Mas um velho, d' aspeito venerando,
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós os olhos, meneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada um pouco alevantando,
Que nós no mar ouvimos claramente,
Cum saber só d' experiências feito,
Tais palavras tirou do experto peito:

«Ó glória de mandar, ó vã cobiça
Desta vaidade a quem chamamos Fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
C.a aura popular, que honra se chama!
Que castigo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldades neles experimentas!


Passo 3 - Uma das principais iniciativas da cultura erudita européia a partir do
Renascimento, como sabemos, foi retomar e transformar a arte e o pensamento greco-latinos.
No soneto “Transforma-se o amador na cousa amada”, de
Camões, por exemplo, nota-se tal movimento ocorrendo na adaptação do amor
platônico, já filtrado pela revisão petrarquista, para a tradição da lírica em
Língua Portuguesa.

Transforma-se o amador na cousa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.

Se nela está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
Pois consigo tal alma está liada.

Mas esta linda e pura semideia,
Que, como o acidente em seu sujeito,
Assim co'a alma minha se conforma,

Está no pensamento como ideia;
[E] o vivo e puro amor de que sou feito,
Como matéria simples busca a forma.

Para conhecer mais sobre essa característica clássica da lírica camoniana,
leia o breve artigo Amor e Neoplatonismo em Camões, de Fábio Della Paschoa
Rodrigues:
Encontre e comente no poema os
elementos supostamente importados e transformados de Platão.

“Platão, filósofo grego (429-347 a.C), exerceu uma sensível influência em muitas poesias camonianas. Sobretudo no que se refere à Beleza e ao Amor. Segundo Platão, nossa alma, presa ao corpo na vida terrena, liga-se à beleza graças à vaga memória de Beleza soberana contemplada em outra esfera. O amor não seria mais do que um desejo de alcançar essa Beleza. Entretanto, contemplar a beleza da natureza ou o encanto físico é contemplar apenas uma aparência, apenas um reflexo da Suprema Beleza. O amor platônico é, portanto a elevação em direção à Beleza que ultrapassa o indivíduo e os prazeres dos sentidos.”

As características da literatura renascentista se davam com imitação dos autores Greco-latinos: Homero, Sófocles, Ésquilo, Aristóteles (gregos); Cícero, Virgílio, Ovídio, Plauto, Horácio (latinos).
A visão que os clássicos tinham do amor, fundamentava-se em três aspectos: racionalismo, idealização e espiritualismo.
Apesar de objetiva, a arte clássica não era naturalista. A realidade sensível devia ser idealizada pelo artista.
A mulher amada não era descrita como criatura humana, mas como um ser angelical. A natureza era vista como uma região paradisíaca.
No poema acima citado, Camões idealiza que o amor de forma que os amantes sejam dois num só corpo e mente.
Embora o homem queira atingir o ideal e a perfeição, tem de enfrentar a restrição imposta pela própria condição humana.
Chegando a conclusão de que não existe o absoluto ou o eterno, ele se depara com um paradoxo sobre o real e o ideal, o eterno e o transitório, a morte e a vida, o pessoal e o universal. Nesses pares, encontram-se as mais profundas tensões que a lírica já deixou transparecer.
O platonismo revela-se, no soneto, pela sublimação eternizadora da amada, quanto maior o sofrimento, mais forte era o amor. No caso tudo indica que seja Dinamene, sua amada chinesa que morreu num naufrágio.
“Transforma-se o amador na cousa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.”
(...)
“Está no pensamento como ideia;
[E] o vivo e puro amor de que sou feito,
Como matéria simples busca a forma.”

Passo 4 - Comente a maneira lógica com que Camões consegue conduzir o assunto amoroso, estratégia discursiva bastante típica da forma-fixa soneto.

Os sonetos Camonianos são a partes mais conhecida de sua lírica, também são os melhores já escritos de língua portuguesa. Quase sempre são compostos de rima rica.
Esse tipo de composição requer grande concentração emocional, pois um verso citado no início do poema dá seguimento no poema todo retomando o sentido do mesmo.
Os sonetos eram compostos por paradoxos, como, dor e prazer, incertezas e o martírio dos sentimentos mais íntimos das pessoas quando estão amando.
A perfeição como eram compostos esses sonetos, mescla harmonia e equilíbrio. Apelos sensuais e espirituais.
É uma imitação do real expressada através de palavras. As pessoas apaixonadas falam a mesma linguagem, independentemente da época em que vivem.

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Os_Lusíadas#Narradores_e_os_seus_discursos
Acessado em 24 de Março de 2010

Maia, João Domingues. Português Livro do professor. Unidade 15 Classicismo. São Paulo: Editora Ática, 2008

http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/sala_de_aula/portugues/literatura_portuguesa/autores/lit_port_poesia_lirica
Acessado em 24 de Março de 2010

http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/n00001.htm
Acessado em 06 de Dezembro de 2009.